A Arquidiocese de Fortaleza realizou na manhã desta quinta (03), no Centro Pastoral “Maria, Mãe da Igreja”, uma coletiva de imprensa para dar mais detalhes da Campanha da Fraternidade deste ano. Com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação”, a campanha tem o intuito de conscientizar e criar políticas para a preservação do meio ambiente.

Na coletiva, diferentes setores da sociedade cearense marcaram presença e esclareceram seus pontos de vista e a importância do tema. A idéia era aprofundar as discussões com pontos de vista diferentes sobre as políticas de preservação do meio ambiente. O engenheiro agrônomo e coordenador da Cáritas Brasileira Regional Ceará, Alessandro Nunes, afirma que o momento é fundamental para ampliar o debate com diversos olhares da população. “É uma oportunidade que os movimentos, a sociedade brasileira e principalmente as comunidades eclesiásticas de base, tem para fazer uma discussão que realmente tenha o interesse e tenha uma realidade posta”, destaca Alessandro. O engenheiro chama atenção ainda para a devastação da caatinga e a situação hídrica do Ceará, que ele afirma está em “colapso”.

O texto-base da campanha prevê a formação de um projeto de lei que impeça ou diminua o uso de agrotóxicos. O professor de Geografia da Universidade Federal do Ceará, Jeovah Meireles, ressalta os riscos e a falta de fiscalização no Ceará. “Os agrotóxicos aqui no nosso estado eles entram livremente, não existe monitoramento, eles não pagam impostos, eles estão contaminando os nossos aqüíferos, contaminando as pessoas, os animais”, descreve Jeovah. O professor pontua que os fiéis devem conhecer a fundo o documento que rege a Campanha da Fraternidade de 2017, disponível na internet.

O Governo do Estado foi representado pelo Secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno, onde afirmou que o Governo sozinho não consegue grandes mudanças, mas sim com parcerias. “Nós temos que fazer um trabalho intenso nas escolas, o governo lançou o ‘Parque Escola’, o ‘Escola Sustentável’, são projetos para envolver as escolas em programas ambientais e a Igreja será decisiva nesse apoio, nessa parceria, já que é instituição educadora mais importante do país”, relatou o secretário. Bruno comentou que o Governo vai criar uma campanha para a plantação de mais de 71 mil árvores no estado. A campanha seria realizada em parceria com empresas, universidades e ONG’s.

A Campanha da Fraternidade acontece há mais de 50 anos e conta com ações para os fiéis praticarem o jejum, a oração e a esmola. Quem representou a Arquidiocese de Fortaleza na coletiva foi o Bispo Auxiliar de Fortaleza, Dom Rosalvo Cordeiro de Lima. O Bispo lembra que a fraternidade deveria ser algo comum no nosso dia a dia. “A Igreja vem incentivar, através da Campanha da Fraternidade, e aproveitando o tempo da Quaresma, aliás, eu costumo dizer, se já houvesse fraternidade não precisava nem fazer campanha. Mas o pecado, a exploração, tudo chegou a tal ponto que precisa fazer campanha para ter fraternidade de modo mais responsável”, destaca Dom Rosalvo.

“Cultivar e guardar a criação”

O lema deste ano, “Cultivar e guardar a criação” foi inspirado no Livro de Gênesis 2,15. A Campanha da Fraternidade inicia na Quarta-Feira de Cinzas e tem duração de 40 dias até o Domingo de Ramos, que é comemorado no dia 9 de abril. No ano passado, o tema escolhido, “Casa Comum, Nossa Responsabilidade”, abordou também questões que visavam a saúde humana e o bem estar da sociedade, e abordou ações para as melhorias no saneamento básico.

O papa Francisco, em carta enviada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), elogiou as belezas do país, mas afirmou que faltam ainda políticas mais firmes em relação à preservação dos biomas e florestas brasileiras. Para isso, a CNBB espera contar com o apoio de diversos setores da sociedade para que se crie projetos de lei que melhorem as políticas de preservação e respeito ao bioma e as culturas do Brasil